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sábado, 3 de dezembro de 2011

A rua das rimas

A rua das rimas


A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
            é uma rua de poeta, reta, quieta, discreta.
            Direita, estreita, bem feita, perfeita.
         Com pregões matinais de jornais, aventais nos portais, animais e varais nos quintais;  

            E acácias paralelas, todas elas belas, amarelas,
           Doiradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas;       
            E um passo, de espaço a espaço, no mormaço de aço baço e lasso;
            E algum piano provinciano, quotidiano, desumano.

            Mas brando e brando, soltando, de vez em quando,
            na luz rala de opala de uma sala, uma escala clara que embala;
            e, no de uma tarde que arde, o alarde das crianças do arrabalde;

            e de noite, no ócio capadócio,
            junto aos espiões, os bordões dos violões;
            e a serenata ao luar de prata (Mulata ingrata que me mata...);
            e depois o silêncio, o denso, o intenso, o imenso silêncio...

A rua que eu imagino, desde menino, para o meu destino pequenino
            é uma rua qualquer onde desfolha um malmequer uma mulher
            que bem me quer;
            é uma rua, como todas as ruas, com suas calçadas nuas,
            correndo paralelamente, como a sorte diferente de toda gente, pra frente,
            para o infinito, mas uma rua que tem escrito um nome bonito,
            bendito, que sempre repito
            e que rima com mocidade, liberdade, tranquilidade: RUA DA FELICIDADE...

(Guilherme de Almeida)

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