BOAS VINDAS

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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O mundo em três polegadas



O mundo em três polegadas

Ruy Castro


Semana passada, no complexo ato de pendurar um quadro, dei sem querer uma martelada no dedão. Passadas as bufadas e imprecações de praxe, pensei em como aquela era uma atividade de risco para um instrumento tão rico e delicado: o dedo polegar. Por coincidência, no dia seguinte, li na Folha a candente defesa da psicanalista Anna Veronica Mautner ("Equilíbrio", 10/1/2012) sobre este órgão que ameaça ficar obsoleto, desbancado por seu vizinho, o indicador.
Durante milhares de anos, diz Anna Veronica, o polegar opositor nos permitiu pegar, agarrar, puxar, pinçar, escrever, desenhar, colorir, dobrar, aparafusar, medir, acariciar etc. e, digo eu, fazer aquele sinal de positivo ou negativo. Foi o polegar que promoveu a pata à mão, e deu no que deu. Quanto ao indicador, só servia, até bem pouco, para furar bolos e dedurar pessoas.
Agora, com o avanço da tecnologia, a vida parece se resumir a digitar teclas de uma maquininha - às vezes, uma única tecla -, e ela faz o resto. Tal gesto, de fato, é mais apropriado para o indicador. Anna Veronica se pergunta
que humanidade nascerá do uso obsessivo desse dedo. E propõe que as escolas continuem a tentar adestrar as crianças para o uso da mão inteira, antes que os robôs assumam de vez as funções desta.
Estou solidário com Anna Veronica e estendo minha preocupação à crescente desnecessidade do ser humano de enxergar ao longe. Bilhões de pessoas passam agora o dia de olhos fixos numa telinha de três polegadas, a uma distância pouco maior que seus narizes. O horizonte ficou a 5 cm. O universo circundante deixou de existir, ou só existe para ser "acessado" via telinha. Tudo se resolve nela.
Órgãos pouco usados se atrofiam, como se sabe. Ou essa lei deixará de valer, ou vem por aí uma vasta geração de míopes.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A lição final - Realize seus sonhos


A lição final - Realize seus sonhos



Quais são seus sonhos? O que você imaginou ainda criança e que gostaria de realizar? Ainda não levou a cabo algum deles? Continua a persegui-los de forma incansável? Ou os abandonou e passou a viver de forma mais “realista”? Randy Pausch, professor da Universidade Carnegie Mellon, renomado especialista em ciência da computação, ao descobrir-se doente, com câncer no pâncreas, e com apenas alguns meses de vida pela frente, resolveu falar em uma palestra de despedida sobre os sonhos que sempre acalentara.
Não queria remoer os ferimentos e as dores provocadas pela doença terminal que, aos 46 anos, determinaram que ele teria muito pouco tempo pela frente na estrada da vida. Deram-lhe entre três e seis meses. Ele já ultrapassou essa marca em quase cinco meses e continua firme, batalhando, contando com o apoio de familiares, amigos e desconhecidos que se sensibilizaram com o seu discurso final na Carnegie Mellon.
Sua apresentação ganhou o mundo virtual da internet. É possível vê-la na íntegra no YouTube. E realmente mexe com o coração e a cabeça de todos. Pausch conseguiu muito mais falando sobre os sonhos do que discorrendo sobre a enfermidade que lhe acometeu. Esse cidadão agiu como um moderno Peter Pan, que não quer crescer (no caso dele, morrer) e que também não deseja separar-se de sua sombra (que em sua história seria representada por sua família, amigos, trabalho).
Mas a despeito disso, falou com o coração ao discursar sobre seus sonhos e permitir que inúmeras pessoas do mundo inteiro viessem a conhecer seus pensamentos. Para tornar ainda maior o eco em relação ao discurso e as ideias do professor Pausch, surgiu também o livro A lição final, escrito em parceria com o jornalista Jeffrey Zaslow. O livro, diga-se de passagem, não é apenas uma reprodução das principais ideias apresentadas em sua famosa e difundida palestra. Tampouco pode ser qualificado como obra de autoajuda. Randy Pausch resolveu, no livro, ir além das receitas que poderiam compor um livro de tal natureza. Ao discorrer sobre os sonhos, resgata valores, acontecimentos, encontros, realizações profissionais e fala sobre a família (lembrando-se, com carinho, tanto da convivência e das lições de seus pais, quanto de toda a convivência com sua esposa Jai e os filhos Logan, Dylan e Chloe).
(...) Pausch fala da vida de forma otimista, ciente de que cada minuto que temos é valioso demais e que, nesse sentido, em vez de reclamar de sua condição, vale muito mais a pena viver intensamente o que lhe resta, agradecendo a bênção recebida.
Vale destacar que o pensamento do professor Randy Pausch contrasta com a vida de muitos de nós. Afinal, ainda há incontáveis pessoas que não perceberam que, no final das contas, a finitude do tempo é uma realidade, em maior ou menor escala, para todos, e que, por isso, deveríamos mesmo utilizá-lo com maior sabedoria do que estamos fazendo na maioria dos casos...
Isso significa, de acordo com Randy, agarrar seus sonhos com unhas e dentes, buscar sua realização a todo custo (desde que dentro dos limites da ética e da responsabilidade), não deixar jamais de ter metas e, é claro, amar a vida e suas possibilidades.
Penso que o livro de Randy Pausch, “A lição final”, se tornou um elemento de inspiração que pode ser bastante poderoso para quem se dispuser a ler não apenas com os olhos, a mente, a racionalidade, mas, principalmente, com o coração...

João Luís de Almeida Machado