BOAS VINDAS

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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Adeus, Ano Velho!



Adeus, Ano Velho!
Mayara Godoy


É, 2011 já tá na prorrogação. Falta pouco para o "apito final". E mais uma vez chega aquela época em que a gente começa a fazer planos para o ano novo e, inevitavelmente, avaliar o ano que passou.
Este ano foi bem desafiador para mim em vários aspectos, mas num balanço geral foi muito positivo. Minha vida mudou bastante (deu uma guinada de 360 graus, diria Carla Perez). Mas, na minha avaliação, mudou para melhor. Muito melhor.
Consegui dar um passo muito importante: finalmente comecei minha pós-graduação, que eu tentava, sem êxito, havia três anos. E o melhor: estou amando! Tenho aprendido muita coisa interessante, conheci muita gente boa, abri minha cabeça em vários aspectos.
Só isso já seria suficiente para eu comemorar o ano de 2011. Mas, tem mais: voltei a praticar uma atividade física — e isso para mim pode ser considerada uma vitória ainda maior, se considerado meu histórico de sedentarismo crônico. E o melhor: estou amando também! Há pouco mais de um mês comecei a praticar kickboxing, e eu nunca imaginei que pudesse gostar tanto de praticar um esporte assim.
E, por último, mas não menos importante, esse ano também foi o ano em que eu casei — ou, juntei, enfim... na prática é a mesma coisa. E, novamente: estou amando! É um passo muito importante na vida da gente, um grande desafio, mas de uma felicidade indescritível.
Assim, termino 2011 com muita coisa na cabeça, mas com uma grande sensação de evolução, de crescimento, de realização. E tenho ótimos pressentimentos para 2012. Novos desafios vêm por aí, mas dessa vez eu sinto que tenho fôlego para encará-los. Parece que, finalmente, muitas coisas começam a entrar nos eixos. Agora é só pensamento positivo.
Mas, não vou fazer lista de metas para o Ano Novo. Acho que isso não funciona. O que funciona, a meu ver, é a gente se empenhar, dia a dia, buscando sempre fazer — e ser — o melhor possível.
Assim, completo aqui a frase da tradicional cantiga iniciada no título, desejando a todos um Feliz Ano Novo!


(Mayara Godoy e jornalista em Foz do Iguaçu)


sábado, 29 de dezembro de 2012

Cavador do Infinito



Cavador do Infinito


Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.


Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito
Sente, em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico Infinito.


E quanto mais pelo Infinito cava
mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...


Alto levanta a lâmpada do Sonho.
E como seu vulto pálido e tristonho
Cava os abismos das eternas ânsias! 


Autor: poeta Cruz e Sousa (do Simbolismo)


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O pintinho



O pintinho

Crônica

Carlos Drummond de Andrade


Foi talvez de um filme de Walt Disney que nasceu a moda de enfeitar com pintinhos vivos as mesas de aniversário infantil. Era uma excelente ideia, no mundo ideal do desenho animado; conduzida para o mundo concreto dos apartamentos, também alcançou êxito absoluto. Muitos garotos e garotas jamais tinham visto um pinto de verdade, e queriam comê-lo, assim como estava, imaginando ser uma espécie de doce mecânico, mais saboroso. Houve que contê-los e ensinar-lhes noções urgentes de biologia. As senhoras e moças deliciaram-se com a surpresa e gula dos meninos, e foram unânimes em achar os pintos uns amorecos. Mas estes, encurralados num centro de mesa, entre flores que não lhes diziam nada ao paladar, e atarantados por aquele rumor festivo e suspeito, deviam sentir-se absolutamente desgraçados. 
Como a celebração do aniversário terminasse, e ninguém sabia o que fazer com os pintos, pareceu à dona da casa que seria gentil e cômodo oferecer um a cada criança, transferindo assim às mães o problema do destino a dar-lhes. O único inconveniente da solução era que havia mais guris do que pintos, e não foi simples convencer aos não contemplados que aquilo era brincadeira para guris ainda bobinhos, e que mocinhas e rapazinhos de nível mental superior não se preocupam com essas frioleiras. 
Os pintos, em consequência, espalharam-se pela cidade, cada qual com seu infortúnio e seu proprietário exultante. O interesse das primeiras horas continuava a revestir-se de feição ameaçadora para a integridade física dos recém-nascidos (se é que pinto produzido em incubadora realmente nasce). Um deles foi parar num apartamento refrigerado, e posto a um canto da copa, sobre uma caixinha de papelão forrada de flanela. Semeou-se em redor o farelinho malcheiroso que o gerente do armazém recomendara como alimento insubstituível para pintos tenros, e que (o pai leu na enciclopédia) devia ser, teoricamente, farinha de baleia. A ideia da baleia alimentando o pinto encheu o garotinho de assombro, e pela primeira vez o mundo lhe apareceu como um sistema.  O pinto sentia um frio horroroso, mas desprezava a flanela, e a todo instante se descobria, tentando fugir. Procurava algo que ele mesmo não sabia se era calor da galinha ou da criadeira. À falta de experiência, dirigiu seus passinhos na direção das saias que circulavam pela copa. As saias nada podiam fazer por ele, senão recolocá-lo em seu ninho, mas o pinto procurava sempre, e piava.  O garoto queria carregá-lo, inventava comidas que talvez interessassem àquele paladar em formação. Não senhor - explicou-lhe a mãe:
- Não se pode pegar, não se pode brincar, não se pode dar nada, a não ser farelo e água. 
- Nem carinho? 
- Meu amor, carinho de gente é perigoso para bicho pequeno. 
Mas o pinto, mesmo sem saber, estava querendo era um palmo sujo de terra, com insetos e plantas comestíveis, o raio de sol batendo na poça d'água caída do céu, e companhia à sua altura e feição, e, numa casa assim tão bonita e confortável, esses bens não existiam. E piava. 
A situação começou a preocupar a dona da casa, que telefonou à amiga doadora do pinto: que fazer com ele? 
- Querida, procure criá-lo com paciência, e no fim de três meses bote na panela, antes que vire galo. É o jeito. 
Não virou galo, nem caiu na panela. No fim de três dias, piando sempre e sentindo frio, o pinto morreu. Foi sua primeira e única manifestação de vida, propriamente dita. 
O menino queria guardá-lo consigo, supondo que, inanimado, o pinto se transformara em brinquedo, manuseável. Foi chamado para dentro, e quando voltou o corpinho havia desaparecido na lixeira. 

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Por sua causa



Por sua causa



Eu não cometerei
Os mesmos erros que você
Eu não me permitirei
Causar a meu coração tanta tristeza...


Eu não vou desabar
Do jeito que você fez, você se machucou profundamente
Eu aprendi da maneira difícil
A nunca me deixar chegar até esse ponto...


Por sua causa
Eu nunca ando muito longe da calçada
Por causa de você
Eu aprendi a jogar do lado seguro
Assim eu não me machuco.


Por sua causa
Eu acho difícil confiar
Não só em mim, mas em todos à minha volta
Por causa de você
Eu tenho medo.


Eu perco meu caminho
E não demora muito até você mencionar isso
Eu não posso chorar
Porque eu sei que isso é fraqueza nos seus olhos...


Eu sou forçada a fingir um sorriso, uma risada
Todos os dias da minha vida
Meu coração não pode se partir
Quando não estava inteiro para começar.


Por sua causa
Eu nunca ando muito longe da calçada
Por sua causa
Eu aprendi a jogar do lado seguro
Assim eu não me machuco.


Por sua causa
Eu acho difícil confiar
Não só em mim, mas em todos à minha volta
Por causa de você
Eu tenho medo.


Eu assisti você morrer
Eu ouvi você chorar
Toda noite no seu sono...


Eu era tão jovem
Você deveria saber melhor
Do que apenas se apoiar em mim...


Você nunca pensou
Nos outros
Você só viu sua dor...

E agora eu choro
No meio da noite
Pelo mesmo maldito motivo...


Por sua causa
Eu nunca ando muito longe da calçada
Por sua causa
Eu aprendi a jogar do lado seguro
Assim eu não me machuco.


Por sua causa
Eu dei o meu melhor para apenas esquecer tudo
Por sua causa
Eu não sei como deixar ninguém se aproximar de mim.


Por sua causa
Eu estou envergonhada da minha vida
Porque ela está vazia
Por sua causa eu tenho medo.


Por sua causa
Por sua causa



Música de Kelly Clarkson