BOAS VINDAS

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Bem no fundo

                          Bem no fundo 

Paulo Leminski


No fundo, no fundo, 
bem lá no fundo, 
a gente gostaria 
de ver nossos problemas 
resolvidos por decreto 


a partir desta data, 
aquela mágoa sem remédio 
é considerada nula 
e sobre ela — silêncio perpétuo 


extinto por lei todo o remorso, 
maldito seja que olhas pra trás, 
lá pra trás não há nada, 
e nada mais 


mas problemas não se resolvem, 
problemas têm família grande, 
e aos domingos 
saem todos a passear 
o problema, sua senhora 
e outros pequenos probleminhas.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Cartãozinho de Natal



Cartãozinho de Natal


Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)


Até que eu não sou de reclamar, puxa! Taí, se há alguém que não é de reclamar, sou eu. Pago sempre e não bufo. Claro que procuro me defender da melhor maneira possível, isto é, chateando o patrão, cobrando cada vez mais, buscando o impossível — como diz Tia Zulmira —, ou seja, equilíbrio orçamentário. Se o Banco do Brasil não tem equilíbrio orçamentário, eu é que vou ter, é ou não é?
Mas a gente luta. Eu ganho cada vez mais e nem por isso deixo de terminar sempre o mês que nem time de Zezé Moreira: 0 x 0. Segundo cálculos da tia acima citada, que é bárbara para assuntos econômicos, eu sou um dos homens mais ricos do Brasil, pois consigo chegar ao fim do mês sem dever. Esta afirmativa não me agrada nada, mas dá uma pequena amostra de como vai mal a organização administrativa do nosso querido Brasil.
Aliás, minto...o cronista pede desculpas, mas estava mentindo. Eu vou no empate até dezembro, porque, quando chega o Natal, é fogo. Aí embaralha tudo. Não há tatu que resista aos compromissos natalinos. São as Festas — dizem.
O presente das crianças, a ganância do comerciante, as gentilezas obrigatórias, os orçamentos inglórios, a luta do consumidor, a malandragem do fornecedor e olhe nós todos envolvidos nesse bumba-meu-boi dos presentinhos.
E que fossem só os presentinhos. A gente selecionava, largava uma lembrancinha nas mãos dos amigos com o clássico letreiro: "Você não repare, que é presente de pobre" eia maneirando. Mas tem as listas, tem os cartõezinhos.
O que me chateia são as listas e os cartõezinhos. A gente passa o mês todo comprando coisas pros outros sem a menor esperança de que os outros estejam comprando coisas pra gente. De repente, quando o retrato do falecido Almirante Pedro Álvares Cabral, que, no caminho para as Índias, ao evitar as calmarias, etc., etc. já é um raro no bolso dos coitados do que deputado em Brasília, vem um de lista.
O de lista é sempre meio encabulado. Empurra a lista assim na nossa frente e diz: — O pessoal todo assinou. Fica chato se você não assinar. Então a gente dá uma olhada. A lista abre com uma quantia polpuda — quase sempre fictícia — que é pra animar o sangrado. E tem a lista dos contínuos, tem a lista dos porteiros, tem a lista dos faxineiros, tem a lista das telefonistas, tem a lista do raio que te parta.
A gente assina a lista meio humilhado, porque, no máximo, pode contribuir com duzentas pratas, onde está estampada a figura de Pedro I, que às margens do Ipiranga, desembainhando a espada, etc., etc. e pensa que está livre, embora outras listas estejam de tocaia, esperando a gente.
            Então tá. Há um momento em que os presentinhos já estão todos comprados, as listas já estão todas assinadas e você já está com mais ponto perdido na tabela do que o time do Taubaté. Deve pra cachorro, mas vai dever mais.
Vai dever mais porque faltam os cartõezinhos de apelação. A campainha toca, você abre para saber quem está batendo e é o lixeiro. Ele não diz nada. Entrega um envelopezinho, a gente abre e lá está o versinho: "Mil votos de Boas Festas/ Seja feliz o ano inteiro/ É o que ora lhe deseja/ O vosso humilde lixeiro."
E o vosso humilde lixeiro espalma sorridente a estira que a gente larga na mão dele. Meia hora depois a campainha toca. Desta vez — quem sabe? — é uma cesta de Natal que um bacano teve a boa ideia de enviar. Mas qual. É o carteiro, fardado e meio sem jeito, que passa outro cartãozinho de apelação. A gente abre o envelope e lá está: "Trazendo a correspondência/ Faça frio ou calor/ Vosso carteiro modesto/ Prossegue no seu labor/ Mas a cartinha que trás/ Nesta oportunidade/ É para desejar Boas Festas/ E muita felicidade."
Mas este ano eu aprendi, irmãos! Em 1963 vou comprar diversas folhas de papel(tamanho ofício) e organizar várias listas para as criancinhas pobres aqui da casa. Quando o cara vier com a dele, eu neutralizo a jogada com a minha. O máximo que pode acontecer é ele assinar 500 na minha e eu assinar 500 na dele... ficando a terceirada melhor de três para disputar mais tarde.
Também vou mandar prensar uns cartõezinhos. Quando o vosso humilde lixeiro ou o vosso carteiro modesto entregar o envelopinho, eu entrego outro a ele, para que leia: "No Inferno das notícias/ Mas com expressão seráfica/ Eu batuco o ano inteiro/ A máquina datilográfica/ Pro ano que vai entrar/ Não me sinto otimista/ Mesmo assim, felicidades/ Lhe deseja este cronista."
Conforme diz Tia Zulmira: "— Malandro prevenido dorme de botina."

 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Decadência e esplendor da espécie



Decadência e esplendor da espécie




      Não sei o que terá acontecido com a espécie humana.
      Esta ausência de pelos... Para os outros mamíferos a nossa nudez pode parecer repugnante como, para nós, a nudez dos vermes.
      E, depois, a nossa verticalidade é antinatural. Estas mãos pendendo, inúteis, são ridículas como as dos cangurus sentados.
      Se fôssemos veludos e quadrúpedes, ganharíamos muito em beleza e, sem a atual tendência à adiposidade, poderíamos ser quase tão belos como cavalos.
      Felizmente, inventou-se a tempo o vestuário, que, pela variedade e beleza (a par de sua utilidade em vista do fatal desabrigo em que ficamos) redime um pouco esta degenerescência.
      E acontece que inventamos também o mobiliário, os utensílios: no caso vigente, esta cadeira em que escrevo sentado a esta mesa, à luz artificial desta lâmpada.
      E ainda este ato de escrever, isto é, de expressar-me por meio de sinais gráficos, é mais uma prova da nossa artificialidade.
      Mas quem foi que disse que eu estou amesquinhando a espécie? Quero apenas significar que, em face das suas miseráveis contingências, o homem criou, além do mundo natural, um mundo artificial, um mundo todo seu, uma segunda natureza, enfim.
      O homem, esse mascarado...



QUINTANA, Mário. Caderno H. Porto Alegre: Globo, 1973. p. 51.



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Quanta cafeína é o suficiente para matar?




       Quanta cafeína é o suficiente para matar?







Em 2010, um britânico de 23 anos morreu por overdose de cafeína. Michael Lee Bedford consumiu o equivalente a 70 latas de energético ingerindo colheradas de pó de cafeína, que comprou pela internet.
A cafeína, consumida em doses muito elevadas, pode ser fatal. Esse estimulante é encontrado no café, alguns tipos de chás, energéticos e refrigerantes.
No ano passado, várias mortes foram ligadas ao consumo de cafeína nos Estados Unidos – cinco delas foram atribuídas ao energético Monster Energy, que é alvo de processos judiciais, e outras 13 mortes e mais 33 hospitalizações estão sendo ligadas ao energético 5-Hour Energy Shots.
A boa notícia é que seria muito difícil morrer de overdose de cafeína apenas tomando café, que é uma das bebidas mais amadas do Brasil. Especialistas afirmam que uma dose letal de cafeína equivale a 10 gramas. Isso significa quase 5 litros de café, que poderiam ser distribuídos em 100 xícaras consumidas em um curto período de tempo.

Qual é a quantia de cafeína diária segura para beber?

Com tantas mortes ligadas ao consumo excessivo de cafeína, entretanto, é difícil não pensar: afinal, qual é a quantidade segura de cafeína que podemos ingerir?
É difícil estabelecer um limite diário de consumo com precisão, porque a cafeína é eliminada de cada organismo de maneiras diversas. As variações são resultado de diferenças genéticas, sexo, e até mesmo se uma pessoa é fumante.
Para aumentar a confusão, a ciência adora café. E não é por menos – ele não só te deixa acordado e com disposição por horas, como pode fazer você viver por mais tempo, diminui a probabilidade de desenvolver câncer de próstata, pode diminuir o risco de depressão e te proteger contra doenças cardíacas.
Se você também ama café, algumas xícaras não vão te matar – você só pode chegar perto disso se tomar um galão da bebida. Beber até quatro ou cinco xícaras de café por dia, o que equivale a 400 mg de cafeína, é uma quantia segura para adultos saudáveis.
A ressalva fica para as mulheres grávidas, que não devem consumir mais de 200 mg de cafeína por dia, ou duas xícaras de café. Estudos recentes indicam que o consumo alto de cafeína por grávidas está ligado ao maior risco de aborto ou de ter um bebê abaixo do peso ideal.

Descubra quanta cafeína você ingere

Abaixo, confira a quantidade média de cafeína em cada bebida:

Café (150 ml): 60-150 mg
Café descafeinado (150 ml): 2-5 mg
Leite achocolatado (225 ml): 2-7 mg
Chá (150 ml): 40-80 mg
Coca-Cola (354 ml): 64 mg
Coca-Cola Diet (354 ml): 45 mg
Pepsi (354 ml): 43 mg


A regra geral para aproveitar os benefícios do pretinho é ser sensato e não abusar da cafeína.