BOAS VINDAS

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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Balõezinhos



Balõezinhos



Na feira-livre do arrabaldezinho
Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor:
“O melhor divertimento para as crianças!”
Em redor dele há um ajuntamento de menininhos pobres,
Fitando com olhos muito redondos os grandes balõezinhos muito redondos.

No entanto a feira burburinha.
Vão chegando as burguesinhas pobres,
E as criadas das burguesinhas ricas,
E mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.

Nas bancas de peixe,
Nas barraquinhas de cereais,
Junto às cestas de hortaliças
O tostão é regateado com acrimônia.

Os meninos pobres não veem as ervilhas tenras,
Os tomatinhos vermelhos,
Nem as frutas,
Nem nada.

Sente-se bem que para eles ali na feira os balõezinhos de cor são a única
[mercadoria útil e verdadeiramente indispensável.

O vendedor infatigável apregoa:
“O melhor divertimento para as crianças!”
E em torno do homem loquaz os menininhos pobres fazem um círculo
[inamovível de desejo e espanto.


                                                                                                           Manuel Bandeira