BOAS VINDAS

Seja bem-vindo/a ao meu blog. Leia, pesquise, copie, aprenda, divirta-se; fique à vontade e tire proveito de sua estada aqui.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Dez coisas que levei anos para aprender


Dez coisas que levei anos para aprender


1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom, não pode ser uma boa pessoa.
2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.
3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.
4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca.
5. Não confunda nunca sua carreira com sua vida.
6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite.
7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria "reuniões".
8. Há uma linha muito tênue entre "hobby" e "doença mental".
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.
10. Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se de que um amador solitário construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Liberdade


Liberdade


            “A liberdade tem muitos apaniguados. Os liberais consideram-se seus defensores acreditados. Mas os marxistas, contra quem combatem, pretendem preparar, em oposição àqueles, o verdadeiro ‘reino da liberdade’ para lá das suas caricaturas. Existencialistas e cristãos colocam-na também no centro das suas perspectivas, embora a sua concepção não coincida, nem coincida com nenhuma das outras duas. Por que tanta confusão? Por que cada vez que a isolamos da estrutura total da pessoa, exilamos a liberdade para alguma aberração?
            A liberdade não é uma coisa. ― Se não existe liberdade, que somos nós? Joguetes em pleno universo. É essa a razão de nossas angústias. Para as apaziguar queríamos surpreender a liberdade em flagrante delito, tocá-la como se toca num objeto,  pelo menos prová-la como se prova um teorema; assentar definitivamente em que há liberdade no mundo. Mas em vão. A liberdade é afirmação da pessoa, vive-se, não se vê. ‘Não há’ no mundo objetivo senão coisas dadas e situações que se cumprem. Por isso, porque não podemos instalar nele a liberdade, procuramo-la nas suas formas negativas; uma ausência de causa, uma lacuna no determinismo.Mas que posso eu fazer com lacunas? “
                                                                                                                                               
(E. Mounier)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O cântico da terra

  O cântico da terra

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranquila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranquilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.

Cora Coralina

domingo, 27 de novembro de 2011

Redações: dissertação e carta argumentativa

          E encerrando a semana de redação promovida por este blog, hoje estou postando duas redações prontas para quem quiser ler, analisar, copiar: uma dissertação e uma carta argumentativa.
          Portanto, assim está cumprida mais uma missão deste website, que é promover e disseminar contribuições edificantes e que possam transformar caracteres humanos.

A educação e a leitura
 
            O que pais, professores e educadores em geral estão fazendo para incentivar os jovens a ler não é suficiente, pois percebe-se que os alunos entram e saem da escola sem desenvolver o bom hábito da leitura e, além disso, o fracasso escolar, muitas vezes, é causado pelo distanciamento que as crianças mantêm dos livros.
            É fato comprovado que o jovem não gosta de ler, ainda mais se esse hábito não foi iniciado nas primeiras séries escolares. E o problema se agrava, atualmente, com o avanço acelerado da tecnologia, em que a tv, a internet e outros meios de telecomunicação ocupam lugar de destaque na vida da juventude, “facilitando” tudo e não permitindo mais o livre exercício da mente e da reflexão em busca de decisões conscientes e importantes em sua vida.
             De tudo isso, o que é mais difícil de aceitar é que esse afastamento dos livros leva ao inevitável insucesso do aluno, seja na dificuldade de ultrapassar uma série e até na desistência dos estudos, o que emperra e mascara nosso sistema educacional e compromete o futuro desses jovens amantes da informação produzida sem nenhum compromisso com o crescimento interior.
           Desse modo, observa-se que, se não houver um esforço coletivo e concentrado no sentido de reverter a situação, de evitar que a tecnologia mercantilista, com seus efeitos muitas vezes perversos para a educação, afaste os livros da vida dos jovens, talvez não tenhamos, num futuro breve, adultos que possam comandar este país. O que se espera é que a leitura seja uma prática constante na vida dos nossos educandos, um fator de inclusão social, e não o contrário.

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Belém, 7 de dezembro de 2007

Ao Magnífico Reitor da UFPA
DD. Sr. Prof. Dr. ....................


Senhor reitor,


Sabendo V. Magª. que muitas autoridades educacionais afirmam que a aplicação do Sistema de Cotas nas universidades é racismo e no Brasil a questão do preconceito racial é muito discutida e até hoje ninguém chegou a nenhum consenso a respeito desse assunto, gostaria de pedir que a aplicação do referido Sistema de Cotas para negros, pardos, índios, orientais, ou seja lá mais o que for, fique para 2010, o que, inclusive, haveria tempo para se ajustar tais mecanismos de política educacional.
É claro que não estou legislando em causa própria, apenas, particularmente, assumo posição contrária a esse assunto e gosto de ser sempre fiel aos meus princípios.
Senhor, pense na possibilidade de estar cometendo alguma injustiça e também praticando preconceito de raça, fato que certamente qualquer autoridade, hoje, quer evitar.
No momento era só isso que eu queria expor a V. Magª.


Atenciosamente,


L. G. F.

sábado, 26 de novembro de 2011

Redação (narrativa): Fatalidade ou predestinação?

             Continuando o projeto da semana de redação do blog, hoje estou postando uma redação que produzi há algum tempo e que achei oportuno fazer isso agora. É uma narrativa em discurso indireto.
            Espero que este propósito e realização seja útil às pessoas que desejam aprimorar seus conhecimentos acerca da redação escolar, principalmente os que ainda estão nas salas de aula ou os que estão prestando exame vestibular.



Fatalidade ou predestinação?


            Patifalda nascera numa pequena cidade do interior paraense, chamada Silves, em fins do ano de 1980. Sem recursos nem alternativas para escolher uma vida melhor, por volta dos 18 anos deixou sua terra natal e veio para Belém, onde esperava dar continuidade aos estudos e conseguir um bom emprego, quem sabe até casar-se e ser feliz, como muita gente, aliás.
            Em Belém, Patifalda, cabocla franzina e bem apessoada, morena de média estatura e de cabelos longos e negros, empregou-se como babá, em casa de família rica. Concluiu o ensino médio e matriculou-se num curso preparatório ao exame vestibular. Tudo ia bem em sua vida, até namorava um homem maduro e bem estabilizado na vida. Mas ela sonhava alto: queria avançar mais nos degraus da vida.
            Conseguiu um outro emprego, numa empresa multinacional. Com bom salário e certo prestígio, alugou um apartamento, modesto, mas confortável e começou a adquirir bens de consumo. Sentia que a sorte estava mesmo do seu lado. Também já sonhava com sua formatura, um dia, como advogada.
            A fatalidade, porém, a esperava. A empresa fechou sua filial em Belém e ela desceu do céu ao inferno dos velhos problemas do passado: privações, desconforto, constrangimento. Agora, sem bens e sem onde morar, ela foi parar na casa de uma amiga, temporariamente. A sorte a abandonou. E agora ela rememorava o passado recente e promissor e pensava em todos os belos sonhos que idealizara, e concluía que sonhar é bom, entretanto a vida não é como nós queremos: entre sonho e realidade, existe um anjo mau que resiste ao nosso desejo.


(Pimentel)

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Alguns elementos da forma do texto



ALGUNS ELEMENTOS DA FORMA DO TEXTO


Entende-se como forma de um texto o conjunto de recursos que vão determinar a parte externa, a "roupagem" desse mesmo texto. Alguns professores preferem usar a palavra ESTILO para determinar essa importante parte da redação. Outros preferem inserir a maneira pessoal, a característica própria de cada um escrever, o estilo, dentro da forma, que seria nesse caso mais genérica, envolvendo outros elementos mais.
Poderíamos, por outro lado, dizer que a forma de um texto é a adequação: estilo + correção gramatical + adequação da linguagem.
Para adquirir um estilo personalíssimo e atraente, o aluno precisaria, além da tendência inata (dom), de um convívio estreito e constante com a linguagem.
As pessoa que mantêm um leitura diária, assistente a bons programas na televisão, conversa com as pessoas cultas, esclarecidas e bem informadas, possuem, sem dúvida, mais elementos para escrever com desenvoltura e precisão.

Alguns componentes da forma:

a) Simplicidade: Alguns pensam que utilizando palavras  difíceis  e  rebuscadas conseguirão "impressionar" os corretores. Puro engano! As palavras devem manter um nível de  simplicidade.
    O rebuscamento na utilização dos vocábulos só contribui para a confusão dos períodos.

b) Clareza: A elaboração dos períodos muito longos produz dois defeitos graves. Primeiro, o leitor se cansa do texto e não compreende bem as mensagens nele contidas. Segundo, as ideias misturam-se exageradamente. Elabore períodos curtos.  É preferível abusar do pronto-em-seguida, enfileirar palavras, a construir períodos gigantescos.

c) Precisão: Certifique-se de significado correto das palavras que vai utilizar em determinado período e verifique se existe adequação desse significado com as idéias  expostas.  A  vulgaridade de termos ou impropriedade de sentido empobrecem bastante o texto.

Veja alguns exemplos deploráveis:

I. "É impossível conhecer os antepassados dos candidatos..." (o aluno queria dizer os  "antecedentes");
II. "Urgem campanhas no sentido de exterminar os analfabetos" (o  aluno  queria  dizer ,  naturalmente, “exterminar o analfabetismo");
III. "Estou convincente de que..." (o termo próprio é "convencido");
IV. "Através das estradas, o homem transporta suas necessidades..." (o termo envolve duplo sentido);
V. "Era um tapete de alta valorização..." (o aluno queria dizer, "de alto valor".).

d) Concisão: Ser conciso ao elaborar um texto significa usar as palavras com economia,  com critério. Quanto mais você transmitir, usando palavras, mais concisa será a redação.

As provas de redação terão limitação de tempo e de número de linhas, por isso você não deve ser prolixo, veja:

- Falta de concisão: "A infância, ou melhor, as crianças abandonadas nas ruas revoltam qualquer pessoa que as vê andando na cidade". (18 palavras)

- Concisão: "Qualquer pessoa se revolta, quando vê crianças abandonadas pelas ruas". (10 palavras).

e) Originalidade: O uso excessivo de certas figuras de linguagem ou certos provérbios acarreta o empobrecimento da redação. Como tudo que existe, as palavras também se desgastam.  É preciso criar novas figuras para expor essa idéias. Dizer que a namorada é uma flor, ou que o filho de peixe, peixinho é, não realça a redação de ninguém.  Use  a  imaginação  para  não  precisar desses "chavões" ou “clichês” antigos e pobres.

Alguns exemplos:

"O grande amor da minha vida".
"Venho por estas mal traçadas linhas".
"Grande futuro da humanidade".
"A lua foi testemunha".
"Nos píncaros da glória".
"Um misto de alegria e tristeza invade o meu peito"
"Não tenho palavras".
"Com a voz embargada de emoção".
"Nos primórdios da humanidade".
        
DEFEITOS GRAVÍSSIMOS DE FORMA:

I. Períodos muito longos;
II. Repetição desnecessária de  palavras  (“A nossa seleção brasileira”;  “O nosso Estado do Pará”, etc;
III. Frases confusas, desconexas, ilógicas;
IV. Palavras vulgares, gírias;
V. Chavões ou clichês, palavras desgastadas pelo uso constante;
VI. Eco (“Vicente freqüentemente está contente”; “A mocidade de minha cidade...”);
VII. Hiato (“Vai a Ana à aula”);
VIII. Cacofonia (“Meu coração por ti gela”; “Dei um beijo na boca dela”, etc);
IX. Colisão (“Se cedo você se sentasse, cansar-se-ia menos”).


A CORREÇÃO GRAMATICAL


Todo o aluno que se preza acompanha com muito interesse e atenção as aulas de gramática da escola que freqüenta. Afinal, é a partir do estudo da morfologia, da sintaxe, da semântica que alguém domina o "código" necessário para sua expressão escrita ou falada.
Você já percebeu que expressar-se bem significa utilizar corretamente as palavras da língua escolhida. É fundamental um bom estudo das LEIS reguladoras da Língua Portuguesa.
Embora todos os itens gramaticais sejam igualmente importantes para uma redação correta, ressaltam-se certos aspectos.

Cuidado com:

I. Concordância nominal;
II. Concordância verbal;
III. Partícula SE;
IV. Regência verbal;
V . Regência nominal;
VI. Colocação pronominal;
VII. Divisão silábica;
VIII. Ortografia;
IX. Crase;
X. Acentuação gráfica;
XI. Pontuação;
         XII. Verbos.

(Pimentel)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O aluno e a criatividade

O ALUNO E A CRIATIVIDADE

(Escrever: prazer ou punição?)


         Um dos motivos que me levou a elaborar esta apostila foi a grande dificuldade que encontro nas pessoas para expressarem por escrito o que pensam. Pessoas bastante criativas oralmente revelam-se verdadeiros fracassos quando se trata de escrever. Por quê?
         O ensino da língua materna, na escola, com todas as suas normas puristas e castradoras, pode ser apontado como o grande culpado pelo fracasso dos redatores escolares.
      A própria escola nos tira todo o prazer que podemos obter escrevendo. O ato de criar é substituído pelo medo de errar, pelo pavor de ver a caneta vermelha violentando, reduzindo a nada, o texto que seria importante para nós.
       Escrever, então, termina por ser punição, obrigação, forma de desabafo íntimo (“escrevo mas não tenho coragem de mostrar a ninguém”...), tudo, enfim, menos prazer de escrever.
         Esse medo de redigir, essa visão da redação como algo que tem que ser aprendido porque torna a comunicação melhor, se manifesta claramente em sala de aula, nos alunos que reagem diante de uma folha de papel em branco com o mesmo entusiasmo com que o Conde Drácula depararia com uma cruz.
         Escrever não é impossível a ninguém; escrever não é “um saco!” É isso que eu pretendo mostrar. Sem medos. Sem fórmulas rígidas. Sem regras ditatoriais.
         Sem regras, eu disse? É, sem regras exageradas, vãs, dispensáveis.
        A comunicação criativa não admite regras que a determinem de forma absurda ou esquemas que a limitem de maneira a tolher a criatividade do aluno. Mais ainda, as severas regras gramaticais e os famigerados esquemas de redação têm que colaborar com a beleza da linguagem e a clareza das ideias e não atrapalhar a livre produção do texto.
         Escrever bem é comunicar-se bem, mas comunicar-se de maneira criativa, original, criando um texto que marque e se destaque pela espontaneidade e autenticidade.
         Para isso, cultura é sempre bom. Leitura é excelente. E escrever, escrever e escrever, para perder o medo da folha de papel em branco e ganhar confiança, prática e... bons textos.


(Pimentel)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Estrutura de uma redação



ESTRUTURA DA REDAÇÃO


     Tradicionalmente, a redação se divide em início, meio e fim (Introdução, Desenvolvimento e Conclusão), mas, na prática, não se pode determinar tão rigidamente uma divisão, pois a redação é um exercício individual que não pode, nem deve, ser submetido a nenhuma regra.
         Talvez se possa pensar numa determinação rígida em se tratando de redação técnica, mas o mesmo jamais se dará na redação criativa, pois aí o determinante será o estilo de cada autor.
        
 Dependendo do estilo, um mesmo parágrafo pode apresentar diferentes versões:

         8 A comunicação é vital para o Homem. Nenhuma teoria que se proponha a analisar o ser humano pode deixar de levar em consideração que ele é, por excelência, um animal que se comunica. A comunicação é vital para o ser humano.

         8 O Homem é um animal que pensa, ouve e fala.  Nenhuma teoria que se proponha a analisar o ser humano pode deixar de levar em consideração que ele é, por excelência, um animal que se comunica. O Homem é um animal que pensa, ouve e fala.

         8 Nenhuma teoria que se proponha a analisar o ser humano pode deixar de levar em consideração que ele é, por excelência, um ser que se comunica. A comunicação é vital para o ser humano. O Homem é um animal que pensa, ouve e fala.

         Cada parágrafo é estruturado em ordem diferente, de acordo com um objetivo específico, mas não há prejuízo no sentido de nenhum deles. O que ocorre é que, com as inversões, cada texto enfatiza um determinado aspecto (Comunicação/Homem/Teoria).

(Pimentel)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Como fazer uma redação


COMO FAZER UMA REDAÇÃO

Uma palavra aos iniciantes


         Para escrever uma redação é importante ter em mente uma resposta à pergunta: o que vou escrever? A resposta a esta pergunta nos leva a um plano da redação. O plano pode ser escrito ou estar bem claro na cabeça de quem escreve: o que pretendo com minha redação; o que vou colocar primeiro, qual o desenvolvimento da ideia, como vou encerrar.
        Depois do plano, devemos começar a escrever livremente e sem censura, do modo como as ideias vêm à cabeça. Em seguida, devemos reler e pôr em ordem as ideias, ou seja, devemos reescrever “limpando” o texto e colocando as ideias em seus melhores lugares. Talvez ainda seja necessário reescrever uma terceira vez, para chegar à forma definitiva. Seria o “passar a limpo”. Isso, é claro, para o texto elaborado em casa.
         Se possível, antes de reescrever pela terceira vez, deixe a redação ficar guardada por algumas horas ou dias — “dormindo” —, depois desse tempo será mais fácil perceber as imperfeições e tornar a “passar a limpo”, pela última vez, quem sabe.
         Mais dois recados para quem pretende redigir em casa:
        1. Utilizar o dicionário sempre que tiver dúvida quanto à grafia de alguma palavra;
         2. Nunca jogar fora o que escreveu, ainda que não tenha gostado. Guarde para reesccrever mais tarde.

COMO SABER SE A REDAÇÃO ESTÁ CONFORME O SOLICITADO?


        Sozinho(a) você não pode afirmar com certeza que a sua redação está boa.  Mas pode saber se está de acordo com o que foi sugerido ou proposto, bastando para isso reler a proposta, depois da redação pronta.
         É bom verificar também se existe coerência no que você escreveu, ou seja, se as ideias estão colocadas numa ordem adequada ao que você pretende transmitir.
         Após isso, entregue-a(s) ao professor, para a devida correção e as possíveis observações posteriores, sempre por escrito.


(Pimentel)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Existe uma incapacidade geral para se redigir

EXISTE UMA INCAPACIDADE GERAL PARA SE REDIGIR? DE QUEM É A CULPA?




         — E aí, cara?
— Legal! Falou, brother!
         — É isso aí!
         — Sei lá, entende!

       A cada ano que passa, mais se pode ver a incapacidade dos candidatos de elaborar qualquer porcaria ao menos legível. Numa Faculdade do Rio de Janeiro, por exemplo, onde o tema da redação era “A ameaça nuclear e o futuro da humanidade”, um candidato usou toda a folha da prova para desenhar um grande cogumelo atômico em forma de ponto de interrogação.
         A essa situação de calamidade pública — pois não deixa de ser um caso de calamidade pública o fato de nem a elite cultural saber expressar-se na língua nacional — são atribuídas diversas causas. A nosso ver, o entendimento do problema requer uma análise um pouco menos mesquinha do que as comumente feitas por aí, que culpam os professores do ensino médio e estes, por sua vez, culpam os do ensino fundamental, que podem se defender, dizendo, por exemplo, que a culpa não é deles, não senhores: é da família brasileira, que não tem convivência com a chamada cultura brasileira. A família brasileira poderia culpar a sociedade, o Estado, e todos estariam defendidos.
         Não. Não se trata de culpar ninguém.
       Deve-se começar por uma colocação mais exata do problema. Em primeiro lugar não são somente os jovens que não sabem escrever. Seus pais, como se sairiam na mesma prova? Aí é que o problema fica difícil.
         A nosso ver, entre os muitos problemas que condicionam esta dita incapacidade de redigir qualquer coisa, estes são fundamentais:
        1º - A tradição cultural portuguesa que chegou até nós sempre considerou a escrita não como uma ferramenta de trabalho, mas muito mais como um meio de ostentação, como um verniz. Como se sabe, esta atitude nos levou a sérios equívocos. Houve um tempo que o padrão de beleza de um texto parece ter sido o seguinte: “Quanto mais elaborado, melhor”. Muitas produções da literatura (prosa) romântica seriam exemplo disso, mas o caso mais grave terá sido certamente o excesso verbalista do Parnasianismo, de efeitos nocivos no seio da sociedade cultural brasileira, e que perdurou até o Modernismo.
      2º - O brasileiro sempre foi estimulado a não escrever. Os colonizadores sempre escreveram por nós, isto porque sempre decidiram por nós usando a língua como instrumento de dominação, bobos que não eram. E ainda nem estamos levando em conta a censura, sempre vergonhosa, predatória. Há espaços de grandes silêncios na História do Brasil. Estes espaços coincidem com outros fenômenos que dizem respeito ao problema: cadeias cheias, repressões estudantis, repressões aos trabalhadores, enfim um conjunto de proibições capaz de montar e manter silêncios prolongados. Esses silêncios nunca estiveram sozinhos. Ao lado deles sempre foram efetivados discursos de propaganda do regime.  E como se sabe, talvez em razão de nosso passado colonialista, nunca faltaram brasileiros desprovidos de consciência crítica para endossar essas campanhas. Um exemplo? Só um? Por acaso já esqueceram dos daqueles vinte anos de regime repressor?
         3º - A linguagem coloquial foi digna de aparecer impressa alguma vez num compêndio escolar? Nunca! A não ser muito recentemente. E isso levou os  brasileiros a pensar que não poderiam jamais escrever como estavam falando. Em nossos dias, esse procedimento está sendo rompido pela grande maioria dos escritores brasileiros, e, pelos cronistas, que surgem com os jornais diários.
         4º - Como se não bastasse tudo isso, somos ainda um País de muitos analfabetos. O mais grave é que muitos deles ocupam cargos públicos de certa influência e, assim procedendo, dão mostras públicas de que não é preciso saber usar a língua falada ou escrita, para ser bem sucedido. Pelo contrário: esses períodos de silêncio em nossa História nos legaram um festival de besteiras interminável. Apesar de a gente estar acostumado a rir desses festivais de nossas “otoridade”, o caso é bem mais grave. Por detrás dessa incapacidade de falar e de escrever (e de ouvir e de entender também, é claro) sempre se ocultou outro tipo de insuficiência: a incapacidade administrativa, a falta de tato político, a ausência de um mínimo de conhecimento da cultura do país, de sua história, de sua terra, de sua gente. E o Brasil é um país que não lê. E quem não lê, como diz aquele significativo dístico de uma editora, “mal fala, mal ouve, mal vê.” Já disse um pensador: “O homem é aquilo que lê.”  Mas quem não lê? O povo? Sim, o povo nunca leu nada. Não dá tempo. Tem que ganhar a vida, não tem lazer. Mas quem não lê no Brasil? Ora, consideradas as proporções do país, “ninguém lê”. Nem a elite cultural, nem as classes dirigentes. Do contrário, como a explicar que a média de tiragem de alguns jornais de circulação esteja de cem mil exemplares aproximadamente? Que a edição média de um livro seja menos de três mil exemplares? Faz mais de vinte anos que a tiragem média de um determinado livro continua a mesma, isto é: cada vez menos se lê no Brasil (considerando-se o crescimento constante da população).
         Levantamos esses problemas, achamos que fica mais fácil de entender o fracasso das redações. As insuficiências escolares, do ensino fundamental, do médio e da própria universidade, são apenas extensões e reproduções desses problemas, em sua grande maioria.
         Por isso, achamos que, neste fracasso, os jovens têm defesa. Condená-los por não saberem redigir adianta pouco para resolver o problema, mesmo porque a repressão e a condenação nunca se mostraram, em momento algum, como efeitos corretivos. Pelo contrário, quando usadas sempre resultaram em agravamento do problema que se queria sanar. Não foi assim com a nossa democracia? Aboliu-se uma democracia precária para construir uma outra melhor. Onde está essa outra?

(Pimentel, curioso e aprendiz da Língua Portuguesa)