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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A ciência precisa de Deus?


A ciência precisa de Deus?




Desde o final do século XX a ciência tem condições de enfrentar, usando seus próprios métodos, questões que anteriormente eram província exclusiva da religião, como a origem do Universo ou a origem da vida. É aqui, na fronteira entre o conhecido e o desconhecido, que vários cientistas encontraram Deus. Há exemplos de cientistas que “desistiram” de tentar entender todas as questões de forma científica, preferindo optar por uma solução religiosa. E há exemplos de outros que veem a manifestação de Deus em suas pesquisas ou na organização do mundo natural. Tais casos podem sugerir que a ciência moderna precisa de Deus.
Será que essa tendência é assim tão nova? Absolutamente não! Ao longo de toda a história da ciência encontramos vários cientistas que justificam sua devoção à pesquisa de maneira religiosa, ou que encontram uma inspiração espiritual em seu trabalho. Desde Platão, a ideia de que a surpreendente ordem na Natureza é obra de um Arquiteto Universal tem sido usada como metáfora para descrever o mundo. O estudo da Natureza, a descoberta de suas leis, é, para esses cientistas, um veículo que os coloca mais próximos de Deus ou da natureza divina do mundo. Kepler, Newton, Einstein e muitas outras mentes responsáveis pelo desenvolvimento da ciência usaram metáforas semelhantes às ideias platônicas ao justificarem sua devoção ao trabalho científico.
Não existe nenhum conflito em uma justificativa religiosa ou espiritual para o trabalho científico, contanto que o produto desse trabalho satisfaça às regras impostas pela comunidade científica. A inspiração para se fazer ciência é completamente subjetiva e varia de cientista para cientista. Mas o produto de suas pesquisas tem um valor universal, fato que separa claramente a ciência da religião.


(Marcelo Gleiser, Retalhos cósmicos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1999)

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