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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Brincando com fogo

BRINCANDO COM FOGO

  

No princípio era assim. Inocentes à primeira vista, esses brinquedos dissimulavam na sua simplicidade uma boa dose de crueldade. A tecnologia, porém, aterrou o abismo que separava a fantasia da realidade. 
        Transposta para o computador, a violência ganhou matizes de realismo sádico. É como se o patinho do parque de diversões agora espirrasse sangue de verdade e guinchasse de dor em agonia.
"Quem foi que matou?" Essa foi a reação de uma menina de 4 anos  ao saber  da  morte, por doença, de um amigo da família. Perplexo, o pai perguntou de onde ela havia tirado a ideia de que o conhecido fora assassinado. Surpresa, a garota respondeu com outra pergunta: "Mas não é assim que a gente morre?"
Essa história ilustra o impacto causado pelas imagens eletrônicas na formação de uma criança. No mundo virtual da TV a que ela estava acostumada, essa era a mais natural senão a única forma de morrer.
A maioria dos estudos mostra que as crianças são influenciadas pela exposição à violência na tela  e os hábitos adquiridos na infância são a base do comportamento adulto. Um dos efeitos mais dramáticos dessa influência é dessensibilização, isto é, a indiferença ao sofrimento alheio.
Bons tempos aqueles em que espadas de pau e pistolas de plástico garantiam uma infância saudável entre a inocência e a malícia. Desde que esses brinquedos foram substituídos por escopetas eletrônicas e inimigos que sangram, brincar passou a ser uma atividade passiva e solitária.
Os games induzem à passividade porque inibem a vontade: com movimentos repetitivos e predefinidos, não se raciona. "Prefiro jogos de ação porque não tenho que pensar", admite um estudante de 15 anos.
Pais e educadores andam se perguntando sobre o que fazer para evitar os efeitos maléficos que os jogos sádicos podem provocar nos jovens.  Deveriam regulamentar o que seus filhos jogam, assim como já fazem com a televisão. O ideal é verificar o conteúdo de cada um antes de comprar e, se possível, até brincar com as crianças.

  Revista Super interessante, julho 1999

(colaboração: PIMENTEL)

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