BOAS VINDAS

Seja bem-vindo/a ao meu blog. Leia, pesquise, copie, aprenda, divirta-se; fique à vontade e tire proveito de sua estada aqui.

domingo, 5 de agosto de 2012

Gênio



Ele se foi – mas jamais vai nos deixar

Helio Gurovitz


Marilyn Monroe, Elvis Presley, John Lennon, Michael Jackson – e Steve Jobs. Ou seria: Thomas Edison, Henry Ford, Thomas Watson, Bill Gates – e Steve Jobs. Ou ainda: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Paul Cézanne, Pablo Picasso – e Steve Jobs. Ou talvez: Moisés, Jesus Cristo, Maomé, Buda – e Steve Jobs. Em qualquer uma dessas listas (quem sabe agora na última?), o maior inovador na história do mundo digital, morto na semana passada aos 56 anos, estaria em casa. Steve Paul Jobs foi técnico, empresário, artista, ídolo pop e, sim, uma espécie de mago, ou mesmo deus, para seus acólitos. A palavra gênio tem sofrido todo tipo de abuso. Mas, se há alguém digno de ser chamado “gênio”, esse alguém é Jobs. E ele foi gênio em múltiplas esferas.
O primeiro gênio de Steve Jobs era técnico. Mal saíra da adolescência quando criou o computador pessoal, com o sócio e amigo Steve Wozniak. Foi a primeira de uma série de seis revoluções tecnológicas que ele protagonizou: depois do primeiro Apple, vieram o Macintosh, os filmes da Pixar, o iPod, o iPhone e o iPad. Todos esses produtos teriam sido impossíveis, não fosse Jobs um profundo conhecedor do que a tecnologia digital era capaz de oferecer na forma de novas máquinas, programas e serviços. Jobs foi um hacker genial – e tinha uma coisa a mais.
O segundo gênio de Steve Jobs era empresarial. Dezenas de livros já narraram sua trajetória de menino-prodígio que criou a Apple, depois foi demitido e lançado ao ostracismo, depois fundou duas outras empresas (Pixar e NeXT), depois foi capaz de transformar seus fracassos em lições e de fazer reviver o negócio que ele mesmo fundara – e ao qual voltara num momento em que todos o julgavam um nome do passado. Jobs foi um homem de negócios genial – e tinha uma coisa a mais.
O terceiro gênio de Steve Jobs era estético. Se o Vale do Silício é a Florença dos tempos atuais, ele foi o mais perto que chegamos de um Leonardo da Vinci, o homem renascentista que conseguia aliar o amor pela beleza ao conhecimento. Seu olhar minimalista para os produtos, sua capacidade de enxergar tudo com os olhos do consumidor, sua mania de perfeição, sua intolerância com a mediocridade e seu gosto pela forma, revelado até no clássico uniforme de jeans, tênis e camiseta preta, são as marcas de um esteta. Jobs foi um artista genial – e tinha uma coisa a mais.
O quarto gênio de Steve Jobs era humano. A trajetória do filho adotivo que abandonou uma filha que só mais tarde foi reconhecer. O chefe temperamental e tirânico que, quando interessava, sabia ser sedutor. O homem que soube enfrentar câncer, transplante e as mais cruéis doenças até o fim, sem se abater. Aquele que, teimoso e incapaz de ceder, era chamado de “campo de distorção da realidade”. Ao cabo da vida, ele distorcera e transformara a realidade de todos nós. Jobs foi um ser humano genial. E nada mais.



Fonte: http://revistaepoca.globo.com/tempo/noticia/2011/10/
genio.html. Acesso em: 13/10/2011 às 10:00hs. (Adaptado)

Nenhum comentário:

Postar um comentário