BOAS VINDAS

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Que coisa!



Que coisa!



Coisa é palavra-ônibus, de omnibus, em latim, democracia total: cabe tudo.
Na palavra coisa viajam todos os significados.
Coisa é tudo: é mistério e objeto, é invisível e visível, é lugar-comum, e devora.
As coisas nadam, crescem, vibram, voam, flutuam.
Alguma coisa acontece no meu coração.
Coisa é música aos ouvidos. Coisa é notícia. Coisa é causa de tudo e de nada. O Coisa-ruim é coisa do outro mundo. E deste também. Mas isso é coisa feita. Coisas do arco-da-velha. Coisa e tal e tal e coisa. São tantas coisinhas miúdas. Coisíssima nenhuma. A coisa em si. Cada coisa em seu lugar. Não me venha com coisas. A coisa foi por água abaixo. Coisa de louco!
Muitas vezes, ao falar, usamos a palavra coisa como uma coisa que substitui todas as palavras. E o pior é que substitui mesmo. E pior ainda: todo mundo entende. Na ausência da palavra exata, que ilumina como um holofote a coisa a ser nomeada, usamos qualquer coisa no lugar dos outros nomes, como uma vela acesa no meio do blecaute.
A iluminação é precária, mas, nas trevas da Idade Mídia (a coisa tá preta), é melhor uma coisa do que nada. E, tipo assim, a coisa se metamorfoseia em todas as coisas, e nossa preguiça verbal se sente recompensada. Há sempre uma coisa à mão para nos salvar. Coisa serve para qualquer coisa.
Nada contra as coisas, ferozes amigas, mas é que as próprias coisas têm suas leis, e não gostam de que abusemos delas.
A coisa funciona assim: a coisa aparece diante de nós, anônima, feia, bela, e não sabemos (ou não queremos buscar) o nome da coisa. E aí, vem à nossa mente: que coisa!
E a coisa se fez coisa.
O milagre da coisa. A multiplicação das coisas. O sermão da coisa. A coisa que sempre volta. Um provérbio francês: “Quanto mais as coisas mudam mais permanecem as mesmas”.
O paciente diz ao médico: Doutor, não sei, mas estou sentindo uma coisa...
Coisa do destino.
Porque uma coisa é certa: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Até que se prove o contrário.
Mas esse papo meu tá qualquer coisa, de modo que, se for impossível dizer coisa com coisa, não pense duas vezes: vote na coisa.
Seja com a coisa uma só coisa. Coisifique-se!
De repente mil coisas!



Gabriel Perissé. Retirado e adaptado de http://Kplus.
cosmo.com.br/materia.asp?co=14&rv-Colunistas


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