BOAS VINDAS

Seja bem-vindo/a ao meu blog. Leia, pesquise, copie, aprenda, divirta-se; fique à vontade e tire proveito de sua estada aqui.

sábado, 19 de janeiro de 2013

O pavão




O pavão

Rubem Braga


Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.


Rio, novembro, 1958


(Simples e ternas. Assim são as lindas crônicas de Rubem Braga.)


(Texto extraído do livro "Ai de ti, Copacabana", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 149.  Agradeço ao Antônio pela lembrança.)


Nenhum comentário:

Postar um comentário