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sexta-feira, 27 de julho de 2012

É falando que os mentirosos se entregam

É falando que os mentirosos se entregam



Esqueça a ideia de que é fácil pegar um mentiroso pela leitura corporal. Desviar os olhos, corar, coçar a cabeça, suar frio, nada disso é necessariamente sinal de que uma pessoa não esteja dizendo a verdade, como revelam os mais recentes estudos sobre o assunto. Artigo publicado na edição deste mês da revista “Mente & Cérebro”, que chega às bancas no próximo dia 30, mostra, no entanto, que é falando que o mentiroso se entrega. Pode não ser aquela bandeira do nariz do Pinóquio – o mais famoso mentiroso da ficção –, mas já é alguma coisa.

“Sinais acústicos são mais eficazes que informações visuais. As pessoas costumam diferenciar de forma mais nítida as mentiras quando ouvem a declaração duvidosa com atenção, em vez de observar o outro”, sustenta o artigo, assinado pelo psicólogo social Marc-Andre Reinhard, pesquisador da Universidade de Mannheim, na Alemanha.

Um grupo de pesquisadores coordenado pela psicóloga Bella M. de Paulo, da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, nos EUA, comprovou que os sinais corporais tradicionalmente associados à mentira raramente são verdadeiros. Uma revisão de mais de 200 estudos sobre o tema, feito por Bella e Charles F. Bond, da Universidade Cristã do Texas, comprovou que o índice de acertos (sobre se uma pessoa está ou não mentindo) por meio da análise dos sinais corporais é similar ao de um mero chute, cerca de 50%.
           
“Na verdade, para a maioria das pessoas é realmente muito difícil discernir se uma declaração é verdadeira ou falsa”, constata Reinhard.

            Mas nem tudo está perdido. Cientistas comprovaram que existem, sim, formas de desmascarar um mentiroso com alguma margem de segurança. Tomando por base os estudos levantados por Bond e Bella, pesquisadores da mesma equipe chegaram à conclusão de que sinais acústicos são mais eficazes que os visuais para detectar uma mentira. Ou seja, em vez de observar o falante, é mais eficaz ouvi-lo.

            A chamada técnica do interrogatório, na qual a pessoa é instada a repetir a mesma história várias vezes, é um exemplo clássico, não por acaso empregada por policiais em busca da verdade. Se a história é inventada, a chance de cair em contradição é muito grande.

            Os estudos de Bella e Bond revelaram ainda que, ao ser pego de surpresa num questionamento, o mentiroso se entrega mais facilmente, porque não teve tempo de elaborar uma explicação crível para a mentira. Cobrar explicações imediatas pode ser uma boa forma de detectar um mentiroso, ensina Reinhard.

            Se a pessoa parece nervosa e fala em tom mais alto do que o de costume, as chances de ela estar mentindo são ainda maiores.

            “Especialistas afirmam que os mentirosos contumazes são, em geral, pouco plausíveis e lógicos”, escreve o especialista. “Além disso, raramente admitem que tenham de corrigir sua descrição ou que não consigam se lembrar de algo. Para ‘encobrir os brancos da memória’, eles simplesmente inventam informações.”

O GLOBO, domingo, 25 de outubro de 2009. (Adaptado)


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