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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Poema transitório





                      POEMA TRANSITÓRIO





         Eu que nasci na Era da Fumaça: - trenzinho
       vagaroso com vagarosas
       paradas
       em cada estaçãozinha pobre
       para comprar
              pastéis
              pés-de-moleque
              sonhos
       – principalmente sonhos!
       Porque as moças da cidade vinham olhar o trem passar;
       elas suspirando maravilhosas viagens
       e a gente com um desejo súbito de ali ficar morando
       sempre... Nisto,
       o apito da locomotiva
       e o trem se afastando
       e o trem arquejando
       é preciso partir
       é preciso chegar
       é preciso partir, é preciso chegar...  Ah, como  esta  vida  é  urgente!
       ...no entanto
       eu gostava era mesmo de partir...
       e – até hoje – quando acaso embarco
       para alguma parte
       acomodo-me no meu lugar
       fecho os olhos e sonho:
       viajar, viajar
       mas para parte nenhuma...
       viajar indefinidamente...
       como uma nave espacial perdida entre as estrelas.




(QUINTANA, Mário. Baú de Espantos. in:
MARÇAL, Iguami Antônio T. Antologia
Escolar, Vol.1; BIBLIEX; p. 169.)
                                            

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