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domingo, 12 de maio de 2013

Gozo e dor

        Gozo e dor

Almeida Garrett

Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
- Não. Ai!, não; falta-me a vida,
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.
Dói-me alma, sim; e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me pousou,
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.
É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida - ou a razão.


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