BOAS VINDAS

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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Será a felicidade necessária?



Será a felicidade necessária?


 Roberto Pompeu de Toledo

                       

Os pais costumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. Não há encargo mais pesado para a pobre criança


Felicidade é uma palavra pesada. Alegria é leve, mas felicidade é pesada. Diante da pergunta "Você é feliz?", dois fardos são lançados às costas do inquirido. O primeiro é procurar uma definição para felicidade, o que equivale a rastrear uma escala que pode ir da simples satisfação de gozar de boa saúde até a conquista da bem-aventurança. O segundo é examinar-se, em busca de uma resposta. Nesse processo, depara-se com armadilhas. Caso se tenha ganhado um aumento no emprego no dia anterior, o mundo parecerá belo e justo; caso se esteja com dor de dente, parecerá feio e perverso. Mas a dor de dente vai passar, assim como a euforia pelo aumento de salário, e se há algo imprescindível, na difícil conceituação de felicidade, é o caráter de permanência. Uma resposta consequente exige colocar na balança a experiência passada, o estado presente e a expectativa futura. Dá trabalho, e a conclusão pode não ser clara.
Os pais de hoje costumam dizer que importante é que os filhos sejam felizes. É uma tendência que se impôs ao influxo das teses libertárias dos anos 1960.
É irrelevante que entrem na faculdade, que ganhem muito ou pouco dinheiro, que sejam bem-sucedidos na profissão. O que espero, eis a resposta correta, é que sejam felizes. Ora, felicidade é coisa grandiosa. É esperar, no mínimo, que o filho sinta prazer nas pequenas coisas da vida. Se não for suficiente, que consiga cumprir todos os desejos e ambições que venha a abrigar. Se ainda for pouco, que atinja o enlevo místico dos santos. Não dá para preencher caderno de encargos mais cruel para a pobre criança.
"É a felicidade necessária?" é a chamada de capa da última revista New Yorker (22 de março) para um artigo que, assinado por Elizabeth Kolbert, analisa livros recentes sobre o tema. No caso, a ênfase está nas pesquisas sobre felicidade (ou sobre "satisfação", como mais modestamente às vezes são chamadas) e no impacto que exercem, ou deveriam exercer, nas políticas públicas. Um dos livros analisados, de autoria do ex-presidente de Harvard Derek Bok (The Politics of Happiness: What Government Can Learn from the New Research on Well-Being), constata que nos últimos 35 anos o PIB per capita dos americanos aumentou de 17 000 dólares para 27 000, o tamanho médio das casas cresceu 50% e as famílias que possuem computador saltaram de zero para 70% do total. No entanto, a porcentagem dos que se consideram felizes não se moveu. Conclusão do autor, de lógica irrefutável e alcance revolucionário: se o crescimento econômico não contribui para aumentar a felicidade, "por que trabalhar tanto, arriscando desastres ambientais, para continuar dobrando e redobrando o PIB?".
Outro livro, de autoria de Carol Graham, da Universidade de Maryland (Happiness Around the World: The Paradox of Happy Peasants and Miserable Millionaires), informa que os nigerianos, com seus 1 400 dólares de PIB per capita, atribuem-se grau de felicidade equivalente ao dos japoneses, com PIB per capita 25 vezes maior, e que os habitantes de Bangladesh se consideram duas vezes mais felizes que os da Rússia, quatro vezes mais ricos. Surpresa das surpresas, os afegãos atribuem-se bom nível de felicidade, e a felicidade é maior nas áreas dominadas pelo Talibã. Os dois livros vão na mesma direção das conclusões de um relatório, também citado no artigo da New Yorker, preparado para o governo francês por dois detentores do Nobel de Economia, Amartya Sen e Joseph Stiglitz. Como exemplo de que PIB e felicidade não caminham juntos, eles evocam os congestionamentos de trânsito, "que podem aumentar o PIB, em decorrência do aumento do uso da gasolina, mas não a qualidade de vida".
Embora embaladas com números e linguagem científica, tais conclusões apenas repisariam o pedestre conceito de que dinheiro não traz felicidade, não fosse que ambicionam influir na formulação das políticas públicas. O propósito é convidar os governantes a afinar seu foco, se têm em vista o bem-estar dos governados (e podem eles ter em vista algo mais relevante?). Derek Bok, o autor do primeiro dos livros, aconselha ao governo americano programas como estender o alcance do seguro-desemprego (as pesquisas apontam a perda de emprego como mais causadora de infelicidade do que o divórcio), facilitar o acesso a medicamentos contra a dor e a tratamentos da depressão e proporcionar atividades esportivas para as crianças. Bok desce ao mesmo nível terra a terra da mãe que trocasse o grandioso desejo de felicidade pelo de uma boa faculdade e um bom salário para o filho.


(Trecho do artigo de Roberto Pompeu de Toledo.
Veja. 24 de março de 2010, p. 142)


quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Fatalidade ou predestinação?



Fatalidade ou predestinação?



          Patifalda nascera numa pequena cidade do interior paraense, chamada Buraco do Ó, em fins do ano de 1980. Sem recursos nem alternativas para escolher uma vida melhor, por volta dos 18 anos deixou sua terra natal e veio para Belém, onde esperava prosseguir nos estudos e conseguir um bom emprego, quem sabe até casar-se e ser feliz, como muita gente, aliás.
         Em Belém, a simples e gentil Patifalda, cabocla franzina e bem apessoada, morena de média estatura e de cabelos longos e negros, empregou-se como babá, em casa de família rica. Concluiu o ensino médio e matriculou-se num curso preparatório ao exame vestibular. Submeteu--se a este exame e foi aprovada. Tudo ia bem em sua vida, até namorava sério um homem maduro, descompromissado e bem estabilizado na vida. Mas ela não pretendia só isso: queria avançar mais na escalada da vida.
            Não tinha nenhuma experiência do mercado de trabalho, mas, através da indicação de um prestimoso amigo, conseguiu um outro emprego, numa empresa multinacional. Com bom salário e certo prestígio, que o dinheiro proporciona, alugou um apartamento modesto mas confortável e começou a adquirir bens de consumo. Sentia que a sorte estava mesmo do seu lado. Inclusive já sonhava com sua formatura, um dia, como advogada.
            A fatalidade, porém, a esperava mais adiante. A empresa fechou sua filial em Belém e ela desceu do céu ao inferno dos velhos problemas do passado: privações, desconforto, constrangimento. Neste ínterim, sem bens e sem onde morar, ela foi parar na casa de uma amiga, temporariamente. A fortuna abandonou-a. E agora ela rememorava o passado recente e promissor e pensava em todos os belos sonhos que idealizara, e concluía que sonhar é bom, entretanto a vida não é como nós queremos: entre sonho e realidade, existe um anjo mau que resiste ao nosso desejo.


Pimentel

(Narrativa em discurso indireto)


terça-feira, 4 de setembro de 2012

O que faz uma cantada agradar ou não?



O que faz uma cantada agradar ou não?

Humor, inteligência e delicadeza diferenciam cantadas de rua agradáveis ou ofensivas

A julgar pela repercussão do recente documentário “Femme La Rue”, dirigido por Sofie Peeters, cantadas de rua na Bélgica e em outros países da Europa são consideradas agressivas e invasivas. O parlamento belga até aprovou uma lei, em vigor a partir deste mês setembro, para tentar coibir a prática. Agora quem extrapolar nas gracinhas por lá pode acabar levando multa.
Aqui no Brasil, no entanto, a reação às cantadas não parece ser tão negativa. Pelo menos foi o que revelou a enquete que fizemos na semana passada com as internautas do iG.
Respondendo à pergunta “O que você acha de ser cantada na rua?”, 49,23% das mulheres que votaram escolheram a opção “Depende da Cantada” e 26,37% responderam “Faz bem para a autoestima”. A alternativa “Acho agressivo e invasivo”, teve apenas 16,41% dos votos e a opção “É galanteador, não vejo problema” foi a menos votada, com 7,99% dos votos.
A primeira dúvida que surge é por que a cantada incomodaria menos as mulheres daqui do que as europeias? “No Brasil, existe a cultura do brincar. Acredito que as brasileiras têm condições de levar a cantada na brincadeira e por isso se incomodam menos”, opina a consultora, escritora e psicanalista Betty Milan.
Betty, aliás, avalia que se um homem aborda uma mulher de maneira agressiva, na verdade, não está ‘dando uma cantada’. “Quem canta quer aproximar o outro de si. Quem agride, afasta o outro”, distingue Betty, que é autora dos livros “E o que é o amor” e “Quem ama escuta”, ambos lançados pela editora Record.
Além da pista de que as mulheres brasileiras encaram as cantadas de forma mais brincalhona, a alternativa mais votada da enquete, ‘Depende da cantada’, nos levou a consultar especialistas em comportamento amoroso para tentar descobrir o que torna uma cantada ‘boa’ para uma mulher e, assim, ajudar os rapazes a acertarem a mão.
“Se for inteligente e leve, a mulher vai gostar. Mesmo que não fique interessada especificamente no homem que deu a cantada. Ela vai se divertir, pelo menos”, aposta a psicóloga Eliete Amélia de Medeiros, diretora da agência de encontros Eclipse Love. “Se eu fosse homem, me valeria da provocação e procuraria despertar o riso, porque ele descontrai”, acrescenta Betty, lembrando que quem se expressa de maneira incomum e graciosa tem grandes chances de ter êxito.
Eliete, porém, ressalta que uma cantada tem grandes chances de dar errado se não for precedida antes por uma aproximação visual, como uma troca preferivelmente intensa de olhares. “O homem não deveria chegar de supetão e falar uma frase do nada, sem nenhum tipo de contexto. Isso vai causar constrangimento à mulher, que pode se sentir invadida”, avalia a psicóloga.
Contato visual feito, aí sim, vale a cantada. Nessa hora, o grande risco que eles correm é se afobar demais e errar a mão. “Um homem seguro, que fala com firmeza, tem muito mais chances de agradar uma mulher do que um indivíduo hesitante, que se atrapalha todo ao falar”, aponta o psicólogo e professor Universidade de São Paulo, Ailton Amélio, autor do livro “Relacionamento Amoroso - Como Encontrar Sua Metade Ideal e Cuidar Dela” (Publifolha).
Lembrando de um período marcante da história mundial, no qual os jovens ao redor do planeta desafiavam as instituições e a caretice dos mais velhos, Betty puxa na memória um exemplo de cantada que, ao mesmo tempo, a agradou e a provocou. “Em maio de 68, fui cantada por um homem que me disse ‘proibido proibir’ e eu fui na onda dele. Era o mote da época, uma frase que liberava e eu gostei”, conta a psicanalista.
Ao contrário do que se pode imaginar, enaltecer as características físicas e a beleza da mulher nem sempre é uma boa ideia. Eliete exemplifica, contando de uma conhecida com mais de 40 anos de idade que ouviu de um homem mais jovem algo como ‘Nossa, você está inteirona ainda, hein?’. “Ele provavelmente queria agradar e elogiar a boa forma física dela, mas, sem perceber, acabou chamando a mulher de ‘velha’, e ela, obviamente, não achou graça da brincadeira.”
Da mesma forma, as cantadas maliciosas em excesso têm pouquíssimas chances de agradar. “Um cara que grita e chama a mulher de ‘gostosa’ no meio da rua não vai conseguir nada com isso, além de causar constrangimento. No fundo, esse homem está só se exibindo”, pondera Amélio, denunciando o ‘estilo pavão’ de muitos marmanjos. “Talvez, ele não esteja nem preparado para replicar se ela corresponder à abordagem”, completa.
Essa grosseria da rua muitas vezes acaba invadindo as casas noturnas e baladas. “Nesses lugares, as cantadas funcionam, na maioria das vezes, como uma senha para homens e mulheres ‘ficarem’ sem intenção de compromisso futuro. Mas algumas pessoas bebem demais, perdem a linha e acabam sendo inconvenientes nas abordagens”, aponta Amélio.
Indelicadezas são desnecessárias, anotaram aí, moços? Anotem também outra dica de Ailton: numa abordagem a forma e o conteúdo não são as questões mais importantes. “No final, são só um pretexto para puxar o assunto. O que realmente importa é se os dois estão a fim de alguma coisa. Desde que não seja grosseira, a cantada nesse contexto, em geral funciona”, sentencia.
Amélio revela que as cantadas, na rua e nas baladas, não são a maneira mais eficiente de provocar um namoro, mas também não dá para descartar esse tipo de abordagem na construção de relacionamentos duradouros. “A maioria dos envolvimentos amorosos acontece por intermédio de amigos e conhecidos que acabam apresentando os pares", avisa o psicólogo. Segundo as estatísticas, ele conclui, “apenas 20% das relações mais longas começam com uma cantada”. 

Algumas internautas do Delas apontaram as melhores e as piores cantadas que já ouviram. Veja quais são e coloque seus comentários lá no final:
 
As 5 melhores:

Me joga no Google, me chama de pesquisa, e diz que eu sou tudo o que você procurava!
Vamos fazer um acordo. Eu te dou um beijo. Se você gostar, eu te dou outro. Se você não gostar, me devolve.
Você acredita em amor à primeira vista? Ou devo passar por aqui mais uma vez?
Não sabia que flor nascia no asfalto
Se beleza fosse um segundo, você seria 24 Horas

As 5 piores:
 
Eu queria ser uma abelha pra beijar a sua flor!
Tá esperando o busão? Porque você tá no ponto!
Você faz aula de canto? Vamos ali no canto que eu te ensino
Você tem a barriga recheada com creme? Porque você é um sonho.
Vamos brincar de nuvem? eu fico Nu, e você VEM.



Ricardo Donisete - iG São Paulo | 01/09/2012 05:00:00 –
Atualizada às 01/09/2012 16:05:34 


sábado, 1 de setembro de 2012

Cafonice intelectual



Cafonice intelectual

WALCYR CARRASCO
 

Intelectuais gostam de dizer o que é bom ou ruim em termos artísticos. São tão severos quanto os inquisidores medievais. Também como eles, costumam prejulgar a partir de crenças pessoais. Houve uma época em que a MPB merecia todos os elogios. Ninguém tem coragem de falar mal da MPB, é claro. Mas grandes interprétes como Gal Costa e Maria Bethânia pouco interessam à crítica atual. Chico e Caetano ainda ocupam seus espaços. Os críticos preferem, porém, falar de bandas de rock inglesas. Há alguns anos, a escritora Ana Maria Machado ganhou o prêmio Hans Christian Andersen. É considerado o Nobel da literatura infantojuvenil. Só vi algumas linhas a respeito. Enquanto isso, já li centenas de vezes a história de J.K. Rowling, autora de Harry Potter, pobre, escrevendo o primeiro livro num café... Um bom sotaque causa arrepios na intelectualidade brasileira. Há muitos anos, uma intérprete de jazz americana veio ao Brasil. Admirou-se com a quantidade de reportagens a seu respeito. Nos Estados Unidos, nunca merecera tal atenção. Começou a apresentação dizendo:
– Sei que vocês não me conhecem...
Há um preconceito generalizado contra o teatro musical. Cheguei a ler uma crítica aconselhando o público a gastar o dinheiro do ingresso em três peças experimentais. Como se entretenimento fosse pecado. Alguém não pode ir ao teatro, ler um livro, assistir a um filme só para se divertir? Sem nenhum compromisso com os destinos da humanidade? Estudantes da USP torcem o nariz. “É muito comercial”, dizem quando um espetáculo é criado para fazer sucesso. Qual o problema, se as pessoas gostam?
Houve uma época em que o bom ou ruim tinha inspiração política. Durante o governo militar, no Brasil, entre os artistas, ser a favor era péssimo. Contra, dava um atestado de qualidade. Os filmes de Gláuber Rocha, perseguido pelos militares, receberam um lugar de honra no panteão da cultura nacional. Terra em transe é chatérrimo. Além do mais, a frase “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão” acaba com a profissão de roteirista. Sinceramente, como roteirista, fico muito irritado ao ouvi-la. Raramente alguém diz que os monumentos de concreto criados por Niemeyer são áridos. Niemeyer sempre foi um corajoso homem de esquerda. Recebeu carteirinha de ótimo.
Diversão é pecado? Alguém não pode ir ao teatro, ler um livro, assistir a um filme sem nenhum compromisso? 
Talvez a maior injustiça já cometida pela intelectualidade brasileira tenha sido durante a ditadura. Havia uma escritora, Cassandra Rios, que vendia aos borbotões, inclusive em bancas de revistas. Era uma literatura erótica, fortemente apoiada no lesbianismo. Pelo menos um de seus livros foi adaptado para o cinema: Ariella, com Christiane Torloni e Nicole Puzzi. O governo militar também perseguiu Cassandra Rios. Seus livros desapareceram, sob a pecha de imorais. Ninguém abriu a boca. Era considerada “ruim”, por que defender? Tratava-se, porém, do princípio da liberdade de expressão, esquecido em nome do preconceito intelectual. Conheci Cassandra Rios já com idade, lutando para recuperar o espaço perdido. Morreu praticamente esquecida.
Antes, a divisão entre esquerda e direita definia o que era bom. Hoje o preconceito é a partir do meio. Ou seja: filme nacional é em princípio ótimo. Convivo com atores que contam, de peito estufado como pavões:
– Estou fazendo cinema.
– E daí? –, pergunto.
Ninguém recusa um convitezinho para fazer novela. Mas muitos agem como se TV fosse menor que cinema e teatro. Televisão é um meio, simplesmente. Obras artísticas ou de entretenimento convivem, como em outros meios. Ou se mesclam, unindo arte e diversão. Glória Perez já ganhou o Emmy com a novela Caminhos da Índia. Quantos prêmios da mesma importância o cinema nacional conquistou nos últimos tempos? Temos filmes, peças, novelas, séries, bons e ruins artisticamente. O preconceito é fruto da falta de profundidade intelectual. A pessoa valoriza o que os outros valorizam, para não ser tachada de ignorante. Melhor não ir contra a corrente. Não dizer, por exemplo, que adorou Cabaret, com Cláudia Raia, só porque é um musical. Embora seja um dos espetáculos mais competentes que já vi. Chamo isso de cafonice intelectual. É a maior tendência cultural de nossos tempos.
Ninguém pense que advoguei em causa própria, porque sou autor de televisão. Meu maior prêmio aconteceu no teatro. É o Shell, o mais respeitado do país. Poderia ficar quieto. Mas prefiro ter minha própria opinião, o que parece ser raro ultimamente. 

Época, de 31/08/2012, 22h32