A maturidade do internetês
Edgard Murano
A grafia popularizada
pela internet vai
além das abreviações
e consolida estilo
informal
e afetivo da comunicação escrita
Desde que a internet começou
a popularizar-se, em meados dos anos 90, muita coisa mudou nos hábitos de
escrita e comunicação no mundo todo. Primeiro surgiu o e-mail, depois vieram as
salas de bate-papo e os comunicadores instantâneos (como ICQ e MSN) e,
finalmente, os blogs e as redes sociais (Orkut, Facebook, etc.), hoje tão populares
entre os adolescentes quanto diários e papéis de carta um dia já foram. Em meio
a essas mudanças, com o advento de novos recursos e ferramentas comunicacionais,
o internetês – nome dado à grafia abreviada utilizada na internet – acabou se
desenvolvendo e cristalizando-se à medida que a rede mundial de computadores
evoluiu.
Ferramentas como o MSN, entre outras baseadas na escrita que a internet
oferece, têm acelerado o processo de comunicação entre as pessoas,
influenciando a relação delas com a palavra e resgatando o valor do texto
escrito como há muito não se via.
Muitas pessoas veem no internetês – essa espécie de
"língua" oficial dos jovens conectados – um mal iminente, à espreita
de corromper a forma padrão do idioma e de tornar o patrimônio da língua uma
grande sala de bate-papo, repleta de flw ["falou"], blz
["beleza"] e demais abreviações informais que, em geral, os
adolescentes usam para comunicar-se.
A web não tem culpa de nada. Pessoas com boa formação educacional
sempre conseguirão separar a linguagem coloquial da formal. Elas sabem quando
dispensar os acentos e quando pingar todos os "is", afirma Arlete
Salvador, autora de A Arte de Escrever Bem (Editora Contexto).
A jornalista chama a atenção para a enorme quantidade de analfabetos
funcionais no país, cujo problema não será agravado pela linguagem da internet,
tampouco solucionado, por se tratar de um problema de alfabetização, de
educação formal.
http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11684
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