Efeito cascata
O
aquecimento global já é uma realidade da qual não se pode escapar. Se, de
repente, por um passe de mágica, o mundo deixasse de jogar gás carbônico e
outros gases do efeito estufa na atmosfera, ainda assim o clima ficaria mais
quente. A prova está mais evidente no Polo Norte, mas também em outras regiões
do planeta, assoladas por inundações, furacões, secas e outros fenômenos
trágicos. Os efeitos se ampliam como se fossem cascata. A segunda parte do
relatório do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), divulgada
também no ano passado, detalha isso.
O derretimento do
gelo polar, por exemplo, não é apenas uma curiosidade paisagística. Tanto no
Ártico como na Antártica, o fenômeno provoca o aumento do nível do mar — uma
das piores consequências do aquecimento global. Os oceanos já subiram 17
centímetros no último século, provocando mais erosão e ressacas em cidades
litorâneas. Com meio metro de elevação, calculam cientistas brasileiros, 100
metros de praia seriam consumidos no nordeste brasileiro. Ilhas-nações do
oceano Pacífico e países baixos como a Holanda ou regiões como o delta do
Ganges, em Bangladesh, seriam inundados.
Todo mundo se lembra
do furacão Katrina, que arrasou Nova Orleans, nos Estados Unidos, em 2005, e
expôs o despreparo do país mais poderoso do planeta para enfrentar a fúria dos
ventos e do oceano. Dias depois, a costa do Golfo do México se viu às voltas
com outro furacão, chamado Rita, causador de prejuízos bilionários,
especialmente na indústria petrolífera do litoral do Texas. No mesmo ano, uma
das piores secas se abateu sobre a bacia amazônica. Imagens familiares de rios
caudalosos foram substituídas por um deserto, semeado de peixes mortos e barcos
abandonados.
Os dois fenômenos
tiveram a mesma origem: um aquecimento anormal das águas do Atlântico. Mais
calor na superfície do oceano significou um aumento de vapor d’água na atmosfera
— ou mais combustível para furacões. As águas aquecidas do Atlântico afetaram o
regime dos ventos que sopram do Caribe para a América do Sul e normalmente
trazem umidade para a Amazônia. O resultado foi a tragédia que se seguiu, debitada
na conta das mudanças climáticas resultantes do aquecimento global.
(Guia do Estudante,
p. 190, Ed. Abril, 2009)
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