A árvore em fogo
Na tênue névoa
vermelha da noite
Víamos as chamas,
rubras, oblíquas
Batendo em ondas
contra o céu escuro.
No campo em morna
quietude
Crepitando
Queimava uma
árvore.
Para cima
estendiam-se os ramos, de medo estarrecidos
Negros, rodeados
de centelhas
De chuva
vermelha.
Através da névoa
rebentava o fogo.
Apavorantes
dançavam as folhas secas
Selvagens,
jubilantes, para cair como cinzas
Zombando, em
volta do velho tronco.
Mas tranquila,
iluminando forte a noite
Como um gigante
cansado à beira da morte
Nobre, porém, em
sua miséria
Erguia-se a
árvore em fogo.
E subitamente
estira os ramos negros, rijos
A chama púrpura a
percorre inteira
Por um instante
fica erguida contra o céu escuro
E então, rodeada
de centelhas
Desaba.
Bertolt Brecht.
Internet: .
Acesso
em 9/6/2003 (com adaptações).
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