(Escrever: prazer ou punição?)
Um dos motivos que me levou a elaborar esta apostila foi a grande dificuldade que encontro nas pessoas para expressarem por escrito o que pensam. Pessoas bastante criativas oralmente revelam-se verdadeiros fracassos quando se trata de escrever. Por quê?
O ensino da língua materna, na escola, com todas as suas normas puristas e castradoras, pode ser apontado como o grande culpado pelo fracasso dos redatores escolares.
A própria escola nos tira todo o prazer que podemos obter escrevendo. O ato de criar é substituído pelo medo de errar, pelo pavor de ver a caneta vermelha violentando, reduzindo a nada, o texto que seria importante para nós.
Escrever, então, termina por ser punição, obrigação, forma de desabafo íntimo (“escrevo mas não tenho coragem de mostrar a ninguém”...), tudo, enfim, menos prazer de escrever.
Esse medo de redigir, essa visão da redação como algo que tem que ser aprendido porque torna a comunicação melhor, se manifesta claramente em sala de aula, nos alunos que reagem diante de uma folha de papel em branco com o mesmo entusiasmo com que o Conde Drácula depararia com uma cruz.
Escrever não é impossível a ninguém; escrever não é “um saco!” É isso que eu pretendo mostrar. Sem medos. Sem fórmulas rígidas. Sem regras ditatoriais.
Sem regras, eu disse? É, sem regras exageradas, vãs, dispensáveis.
A comunicação criativa não admite regras que a determinem de forma absurda ou esquemas que a limitem de maneira a tolher a criatividade do aluno. Mais ainda, as severas regras gramaticais e os famigerados esquemas de redação têm que colaborar com a beleza da linguagem e a clareza das ideias e não atrapalhar a livre produção do texto.
Escrever bem é comunicar-se bem, mas comunicar-se de maneira criativa, original, criando um texto que marque e se destaque pela espontaneidade e autenticidade.
Para isso, cultura é sempre bom. Leitura é excelente. E escrever, escrever e escrever, para perder o medo da folha de papel em branco e ganhar confiança, prática e... bons textos.
(Pimentel)
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