Escrever é preciso!
Escrevo
porque à medida que escrevo vou me entendendo e entendendo
o que
quero dizer, entendo o que posso fazer.
Escrevo
porque sinto necessidade de aprofundar as coisas, de vê-las
como
realmente são...
Clarice
Lispector
A
escrita é um ato difícil. Escritores, compositores, jornalistas, professores e
todos os profissionais que têm na escrita um instrumento de trabalho, em geral
dizem que "suam a camisa" para redigir seus textos. Mas dizem também
que a satisfação do texto pronto vale o esforço de produzi-lo.
Há
muitas falsas ideias sobre a escrita.
Há
quem pense que os que gostam de escrever têm o dom das palavras, e que para
estes as palavras "saem mais fácil". Não é verdade. Escrever não
depende de dom, mas de empenho, dedicação, compromisso, seriedade, desejo e
crença na possibilidade de ter algo a dizer que vale a pena. Escrever é um
procedimento e, como tal, depende de exercitação: o talento da escrita nasce da
frequência com que ela é experimentada.
Há
quem pense que só os que gostam devem escrever. Não é verdade. Todos que têm
algo a dizer, que têm o que compartilhar, que precisam documentar o que vivem,
que querem refletir sobre as coisas da vida e sobre o próprio trabalho, que
ensinam a ler e escrever... precisam escrever. Por isso, nós, professores,
precisamos escrever: porque temos o que dizer, porque temos o que compartilhar,
porque precisamos documentar o que vivemos e refletir sobre isso, e porque
ensinamos a escrever – somos profissionais da escrita!
Se
a escola não nos ensinou a intimidade com a escrita e o gosto por escrever, só
nos resta dar a volta por cima, arregaçar as mangas e assumir os riscos:
escrever é preciso!
Luís
Fernando Veríssimo, escritor talentoso, declara-se um gigolô das palavras e nos
incentiva e aconselha*:
"[…]
a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser
julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da
Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis.
[…]
Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: Dizer
"escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é
comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, comover...)
*Extraído de O nariz e outras crônicas, Coleção
“Para gostar de ler”, Editora Ática.
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