POEMA TRANSITÓRIO
Eu que nasci na Era da Fumaça: -
trenzinho
vagaroso
com vagarosas
paradas
em
cada estaçãozinha pobre
para
comprar
pastéis
pés-de-moleque
sonhos
–
principalmente sonhos!
Porque
as moças da cidade vinham olhar o trem passar;
elas
suspirando maravilhosas viagens
e
a gente com um desejo súbito de ali ficar morando
sempre...
Nisto,
o
apito da locomotiva
e o
trem se afastando
e
o trem arquejando
é
preciso partir
é
preciso chegar
é
preciso partir, é preciso chegar... Ah,
como esta vida é urgente!
...no
entanto
eu
gostava era mesmo de partir...
e
– até hoje – quando acaso embarco
para
alguma parte
acomodo-me
no meu lugar
fecho
os olhos e sonho:
viajar,
viajar
mas
para parte nenhuma...
viajar
indefinidamente...
como uma nave espacial perdida entre as
estrelas.
(QUINTANA,
Mário. Baú de Espantos. in:
MARÇAL,
Iguami Antônio T. Antologia
Escolar,
Vol.1; BIBLIEX; p. 169.)
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