Meu primeiro amor
À Sílvia T.
I
Manhãs lindas de dourado sol,
Testemunhas fiéis do amor primeiro;
Mostrai-me, ó virgens, por inteiro
Os raios fúlgidos do etéreo arrebol.
Falai às plagas da linda menina
Que amei imberbe, na doce covardia,
E das muitas vezes em que ela sorria,
Tão meiga, tão ingênua, tão pequenina.
Dizei às turbas da doentia saudade
Que ela deixou neste ser disforme,
E das noites que este não dorme,
Pensando na pretérita felicidade.
Provai a mim que fui culpado,
Que não tive coragem pra falar...
E que não sabia o que era amar,
Por isso dói-me o cruel passado.
II
Dizei hoje, agora a quem me escuta,
Ó lindas colegas, mestras queridas,
A razão porque minh’alma enluta,
Se tanto amei e amado fui (?!)
E as esperanças todas foram perdidas.
Dizei a mim, ó grupo escolar,
Se fui amado pela virgem linda,
Se também ela sabia o que era amar;
Posto qu’inda hoje vivo na dúvida,
Cismando, confuso, lamentando ainda.
Falai todos vós que presentes estavam:
(Carteiras, livros, “testes”, vizinhas salas)
Sei eu: todos vocês perscrutavam.
E tu, ó minh’alma, demente e fria,
Por que, impassível, então te calas?
Eu sei, bem sei, tudo passou,
Perdi da vida a primeira esperança;
Tudo, tudo o vento levou...
Só ficou a saudade como resposta;
Só me resta agora a querida lembrança.
Mas ainda lembro da pequena loirinha,
Dos seus olhos cheios de tanto pudor;
Daquela graça que (quase) foi tão minha...
São tudo isso doces recordações
De meu perdido primeiro amor.
(Pimentel)
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